Agora!
Os dias passam e muitas vezes a nossa cabeça parece não acompanhar, talvez pela incapacidade de viver tantas coisas ao mesmo tempo.
Sim, deduzo facilmente pela minha vida, que não tenho capacidade para manter muita informação no consciente o que a tornaria lúcida e clara aos meus olhos. Assim, sobrevivo com o facto de ter que reviver situações através dos meus olhos interiores e que muitas vezes tenho a dificuldade dos “normais” que é entender a mensagem.
Mas hoje, a mensagem desvelada e que me fica na memória mais viva é que de facto o tempo não apaga o que nos não queremos apagar, ou pelo menos, aquilo que mais tarde nos fará falta. Uma noção de sobrevivência mais forte que a nossa razão consciente, uma luta pela vida com sentido e que muitas vezes tenho a tendência de evitar.
Faz sentido a minha existência agora, existia muito tempo que não me sentia eu. Tempos em que me assustei por deixar de ser a pessoa pela qual o meu companheiro se tinha apaixonado, aquela que eu lhe mostrei nos bancos da faculdade, que ainda hoje os meus professores se recordam, uns com carinho e outros, ups! Com alguma relutância pois lembram-se do falhanço da domesticação.
Sou uma lutadora, eu quero ser assim! Sinto falta da abordagem de conquista, tenho sangue de navegador, tenho memórias de vontade, de coragem. Se bem que ganhei uma vantagem em relação aos meus opositores, aqueles que querem aniquilar o meu mapa-mundo para impor conteúdos, a capacidade de ouvir, a capacidade de sagaz de escutar o que está por detrás de algumas conjugação frásicas. Truque? Não há truque.
Por vezes as situações arrastam-se durante um certo tempo e nós temos tendência a adormecer. A pensar que já foram, já passaram. Mas os fantasmas que ficam mal curados voltam, tal qual uma ferida que expomos novamente ao tempo retirando a camada que as protege. E se agora eu vos disse-se que a melhor forma de curar é de facto tirar a crosta que dá a sensação de protecção, de controlo, de cura, mas que apenas faz demorar mais tempo a reconstrução da pele. Que é essa mesma crosta promotora de marcas profundas, de más cicatrizações. Pois é …, dúvidas? Perguntem ao primeiro médico que virem, que conhecerem, com que se cruzarem, se as palavras da fada vos parecem poucas.
Desta vez, a ferida abriu, sangra mas não dói. Sabendo eu que não tardará deixará de existir e nem marcas dela para o futuro, que apenas está à distância de segundos.
Feitiço bom e fácil é viver, agora, o momento!