Descobrir ou Achar-me?

 

 
 
 

A alguns dias atrás e em brincadeira, comecei a disparar o flash da máquina e de leve fui descobrindo o meu rosto.  Engraçado que fazia algum tempo que não me via, de forma tão nítida.


Foi mudando de posição, de gestos, de sitio e alterando o meu olhar de forma a escolher o meu mais olhar. Aquele que eu sentia que era mais meu (como se os outros não fossem) e queria escolher aquele que quero manter mais vezes.

 

Aquele que fez com que tu me chamasses flor do monte, silvestre, forte e quente, suave e meiga, agarrada à vida e à felicidade e queria reconhecer esse rosto. De 19 anos, em que eu queria mudar o mundo de fora para dentro e em que algumas coisas me magoavam tanto, me feriam quase de morte. Eu tenho, ainda esse sorriso, esse olhar. Agora quero mudar o mundo de dentro para fora, quero deixar de magoar e quero abraçar!

 

Eu descobri-me ou achai-me no eu de mim própria, ainda não sei! E talvez não seja assim tão importante.

 

Olho para esta foto e vejo a minha história. É engraçado como uma foto pode contar a nossa história de forma tão clara. Lembro do que pensava das minhas sardas, das minhas rugas e o meu sorriso agora mais tranquilo. O meu olhar grande para o mundo que agora decidi que não quero tapar mais!

 

Aos dezanove anos eu tinha a força da um furacão e alguns amigos lembram bem esse tempo, essas histórias de busca, de luta, de ideais e agora eu sei que era eu, assim forte com doçura, com a traquinice de uma brincadeira, de um sorriso, de um choro por ver alguém chorar, de estar à chuva só para te abraçar, as noites sem dormir para ouvir aqueles que queriam muito falar, de amparar nas noites sem regra até casa aqueles que já não tinham vontade de ir. Sei que estive lá, para ti, para outros e algumas vezes para mim.

 

 

 

Hoje sinto que cuido de mim para cuidar dos outros. Que de forma forte e tranquila o meu rosto ganha forma, clareza, nitidez

 

publicado por Momento de Mudança às 15:11 | comentar | favorito